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ENTREVISTA – Coordenadora do NEAF

Nome: Fernanda Pereira Alves

Idade: 33 anos

Formação acadêmica:

  • Graduação em Museologia (Universidade Federal da Bahia-UFBA)
  • Pós-graduação em Coordenação pedagógica (Faculdades Integradas Olga Metting)
  • Pós-graduando em História da África e cultura afro-brasileira e Direito Educacional (ambas pela Faculdade de Tecnologia e Ciências- FTC)

O que a família representa para você:

Exercício diário de Amor e Respeito.

O que você mais almeja na vida:

Honrar os meus ancestrais.

Qual o livro que mais gosta:

Vidas Secas (Graciliano Ramos)

Um filme preferido:

Sociedade dos poetas Mortos

Um gesto:

Um sorriso

Uma frase marcante:

Quando eu era criança sonhava em mudar o mudo, quando cresci… decidi ser professora. (Fernanda Alves. Rsrs…)

Um verso:

Todos estes que aí estão

Atravancando o meu caminho,

Eles passarão.

Eu passarinho! (Mário Quintana)

Um sonho:

Envelhecer ao lado das pessoas que amo.

Como surgiu esse desejo de implantar o NEAF?

A partir das experiências frustradas que eu percebia de implantação da lei 10.639/03 e 11.645/08 e agora com a lei 12.288/2010 se concretiza o nosso pensamento em relação as ações afirmativas.

Como você enxerga o NEAF em sua vida? Afetou a sua vida pessoal?

O NEAF afetou a minha vida pessoal, pois inicialmente a implantação da lei se deu dentro de mim. A lei me permitiu uma revisão dos meus valores enquanto afro-descentente, e enquanto educadora e por consequência transformadora social.

Você já participou de algum movimento ou projeto social?

Sim.

  • Enquanto professora de História em um curso pré-vestibular para jovens de comunidade carente.
  • Enquanto professora de Museologia, Onde trabalhei no projeto de preservação e conservação do Patrimônio escolar. Desenvolvendo ações no Museu Didático e Comunitário de Itapuã- MDCI.
  • Enquanto Museóloga, no Museu Comunitário Mãe Mirinha de Portão. Onde acompanhei projetos como “Ação griô” e “Semelhanças e Diferenças, Somos Resistência ”.

Como você percebe a participação do negro na educação e na mídia?

Considerando o número expressivo de negros na nossa sociedade, a participação do mesmo na mídia é insatisfatória. E se formos considerar mais ainda que o direito humano a comunicação é responsabilidade comum para que todos tenham a definição ou redefinição da sua ancestralidade e da comunidade em sua volta, tenho claro que ainda estamos distantes  da realidade de termos de fato essa participação, para tanto é que o Estatuto da igualdade racial está aí.

Como você percebe a questão das cotas? Você acha justo ou isso só faz contribuir para a desigualdade social?

Concordo com as cotas por considerar que as mesmas são uma reparação histórica não só para os negros mas para as comunidades tradicionais, os indígenas, os ciganos, os caiçaras e todas as etnias que compõem o universo étnico e racial brasileiro.

Diante das dificuldades encontradas para implantação do NEAF e de suas ações, você já pensou em desistir?

Não. Pois sempre tive em mente que vencer as dificuldades seriam importantes para consolidação do nosso trabalho.

Em sua opinião, como a cultura negra é vista em nosso país?

Por trabalhar com a Diversidade acredito ser muito perigoso expor aqui como a cultura negra é vista no nosso país, pois não perco de vista a amplitude dessa resposta, por considerar a grandiosidade e diversidade do nosso país. Posso sim, pontuar que devido aos avanços alcançados pela nossa sociedade, hoje, estamos mais direcionados a uma reflexão mais concreta aos efeitos maléficos que ações preconceituosas produzem no universo cultural e social.

Com a real implantação da Lei, você acha que muita coisa pode melhorar no quadro educacional de nosso Estado?

Acredito que muita coisa pode melhorar com a implantação da lei, a mesma nos permite analisar a construção e reflexão do conhecimento universal a partir da construção da nossa identidade étnica, a formação da minha história, por exemplo, passa a ser contada a partir da formação étnica do meu município. Essa construção é fundamental para a minha definição enquanto agente cultural. Além do mais, a estruturação do NEAF é um resultado concreto dessa ação que a lei proporciona.

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ENTREVISTA – Coordenadora do NEAF

Nome: Carla Pinheiro da Silva

Idade: 29 anos

Formação acadêmica:

* Graduada em Letras com Habilitação em Português e Espanhol – UNEB

* Pós Graduada em História Social e Cultura Afro-Brasileira – Universidade da Cidade do Salvador

* Pós Graduada em Educação Infantil com Ênfase em Letramento – Faculdade Montenegro

O que a família representa para você: Alicerce e determinação

O que você mais almeja na vida: Um mundo mais justo e igualitário, apesar destes valores serem relativos.

Qual o livro que mais gosta: A droga da obediência, de Pedro Bandeira

Um filme preferido: Lisbela e o prisioneiro, de Guel Arraes

Um gesto: (dois) olhar encabulado e sorriso largo

Uma frase marcante: Ideologia: eu quero uma ara viver, Cazuza e Frejat

Um sonho: Transformar mundo

Como surgiu esse desejo de implantar o NEAF?

Partiu de um convite que comungou com as minhas ideologias

Como você enxerga o NEAF em sua vida? Afetou a sua vida pessoal?

O NEAF me ajudou a ser mais independente e determinada

Você já participou de algum movimento ou projeto social?

Sim, fui líder na Pastoral da Criança. Em conseqüência, acompanhava crianças de até seis anos de idade e sua família através de visitas periódicas, relatórios e encontros que incluíam a verificação do seu peso com associação a qualidade de vida.

Como você percebe a participação do negro na educação e na mídia?

Apesar das leis que fomentam a valorização e o respeito ao legado do negro, tanto na educação quanto na mídia, geralmente, a sua participação ocorre de forma reducionista e/ou estereotipada. Contudo, houve avanço em relação a esta perspectiva, mesmo não sendo o almejado.

Como você percebe a questão das cotas? Você acha justo ou isso só faz contribuir para a desigualdade social?

Percebo as cotas como uma oportunidade de aumento da expectativa de futuro promissor. Entendo-as como um ressarcimento em decorrência das perdas históricas sofridas por aqueles por elas beneficiados.

Diante das dificuldades encontradas para implantação do NEAF e de suas ações, você já pensou em desistir?

Sim, mas os empecilhos me motivam.

Em sua opinião, como a cultura negra é vista em nosso país?

A cultura negra é vista e apresentada de maneira folclorizada em nosso país. A associação maior a esta cultura é atribuída a valores socialmente construídos e que, apesar de representá-la, não são os únicos. Há omissão e negação da grandeza desta cultura.

Com a real implantação da Lei, você acha que muita coisa pode melhorar no quadro educacional de nosso Estado?

Decerto que a real implantação da Lei 11645/08 possibilitará a melhoria do quadro educacional de nosso Estado tendo em vista que ampliará os horizontes daqueles a ela relacionados. Pois, não apenas uma vertente da nossa história será conhecida e prestigiada, ao contrário, todos os grupos nela envolvidos se configurarão como sujeitos históricos.

Considerações Finais:

O sistema educacional, por questões tendenciosas, reproduz ideais ao qual deveriam rechaçar e que ampliam as desigualdades em nosso país. Todavia, a Educação, em sua imanência, é o caminho mais eficaz para a construção de um mundo mais justo e democrático. Para tanto, faz-se necessário que os seus direcionamentos contemplem a consciência crítica e a luta em prol do bem coletivo.

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